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A história do canoista de Ubaitaba ouro no Pan, sem rim e punido por remar demais

Um fenômeno da canoagem. É assim como companheiros e adversários definem Isaquias Queiroz, que conquistou duas medalhas de ouro e outra de prata, em dois dias de Jogos Pan-Americanos de Toronto. O esforço que fez com o remo nas mãos para superar adversários não foi menor do que o que foi feito para superar dificuldades na vida. Para chegar no nível que atingiu, o jovem atleta de 21 anos, bicampeão mundial e agora campeão do Pan, já mostrou que é forte, mostrou que é um dos grandes nomes da modalidade no planeta. Nascido na cidade de Ubaitaba, localizada 450km ao sul de Salvador, Isaquias tem a canoa como sua companheira desde a infância. O nome Ubaitaba, por sinal, é a fusão de três vocábulos indígenas que significam "cidade das canoas". 

A carreira e a própria vida do atleta, no entanto, correram risco quando ele caiu de uma árvore e teve que retirar um dos rins. Apesar do susto, Isaías de Queiroz se recuperou bem do problema e atualmente não tem nenhuma restrição na prática do esporte, precisa apenas de uma hidratação maior do que a dos outros competidores. "O que acontece é que eu tenho que me hidratar muito mais, tomar muito mais água do que outros atletas normais. Tenho que tomar bastante água, cuidar bastante cuidar do corpo, me alimentar bem. Mas eu vivo uma vida normal de atleta, de pessoa normal", explicou. Ao ser questionado e comentar o fato de Pelé ter revelado que também não tem um rim, Isaquias brincou e arrancou risadas, lembrando que fôlego ele tem de sobra nas competições. "O pessoal ficou falando que ele ia fazer canoagem comigo, a gente deu risada pra caramba. O pessoal já até brincou comigo, falaram: 'Tiraram um rim seu, mas colocaram um pulmão a mais, você tem três pulmões, por isso que você rema tanto assim'. O pessoal fica zoando às vezes, tanto que o pessoal me chama de 'sem rim'", disse o canoísta baiano. 

O Rio de Contas é o local onde Isaías começou a treinar e outros jovens aspirantes a atletas de ponta se esforçam diariamente. Antigamente, por ali também circulavam canoas, que eram usadas como meio de transporte ou para pesca. O rio sempre foi o lugar preferido do atual campeão pan-americano do C1 1.000m e do C1 200m, e a vontade de praticar a canoagem nas águas tranquilas era tão grande que ele chegou a receber punições por querer remar demais. "Antes a canoagem era mais por brincadeira, por diversão, eu tinha 11 anos, não tinha nem em mente se eu ia chegar onde eu estou hoje. Eu gostava era de estar sempre na água, tomando banho no Rio. Quando eu conheci a canoagem, eu sempre tomava umas puniçõeszinhas, porque eu pegava a canoa e ia tomar banho no meu rio, aí os professores iam lá e me davam uma punição. Eu não podia pegar a canoa e sumir, ficar lá tomando banho no meio do rio, porque era um risco de você se afogar e ter alguma complicação", contou. 

Isaías conquistou sua primeira medalha de ouro do Pan-2015 nesta segunda-feira, na categoria C1 1.000m ao superar o experiente canadense Mark Oldershaw, bronze na Olimpíada de 2012. Ele também levou a prata no C2 1.000m, ao lado de Erlon Silva; e, nesta terça-feira, conquistou mais um ouro no canal de Welland, no C1 200m. A disputa do Pan-Americano de Toronto é como uma preparação de Isaquias para o Mundial de canoagem, que será disputado entre os dias 19 e 23 de agosto, em Milão, na Itália. O brasileiro já conquistou quatro medalhas no principal campeonato da modalidade, sendo duas de ouro na categoria C1 500m (em Duisburg-2013 e Moscou-2014), uma de bronze no C1 1.000m (2013) e outra de bronze no C1 200m (2014).

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