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Após 15 anos, apresentador de rádio chato finalmente vai sair do ar

CRÍTICA EDITORIAL - Por Genisson Santos

Demorou e muiiiiito, mas finalmente, a rádio comunitária de Coaraci tirou do ar o letárgico Joabis Oliveira. Ele mantinha no horário do meio dia o programa “Terra do Sol Notícias”. Durante loooooongos 15 anos ele fazia um programa que se supunha informativo, mas que não tinha nada de radiojornalismo. Na verdade é até ofensa para o gênero chamar isso que o professor Joabis fazia ao microfone ao longo de 60 minutos, de radiojornalismo. 

Logo nos primeiros anos, o programa até que tinha um formato interessante, mas com o passar dos anos a qualidade foi decaindo ainda mais. As passagens de Carissa da Silva, Nilton Santos, Nadson Santos, que auxiliavam, e do radialista Pablo Nascimento, que substituía o apresentador em férias ou viagens, dava uma boa dinâmica ao programa, mas isso ficou para trás. O Terra do Sol Notícias ficou enfadonho e massante. O falatório sem nexo e seus comentários verborrágicos deixavam o programa um saco de se aguentar. Que saudades do “Jornal do Meio dia”, da extinta Almada FM (de Evandro Lima Alves, de Mamigo), do “Tribuna Livre” (de Milton Moreno), da Transa Sul… bons tempos! 

O que Joabis fazia no ar era um preguiçoso falatório de jornal. Dizem as fontes que a fórmula era a mesma até a histórica quinta-feira, dia 07 de março de 2019, quando foi ao ar pela última vez, graças à Deus: ele pega, na única banca de revista da cidade, um exemplar do Jornal A Tarde, que recebe de graça em troca de um jabá aos microfones para o dono da banca, e lê no ar tudo que está escrito lá. 

São notícias velhas, desinteressantes, sem relevância alguma para a comunidade. Enquanto isso, o que acontece na região e na própria cidade, a comunidade não fica sabendo (pelo menos através do único informativo radiofônico da cidade). Inclusive, esse desrespeito para com a notícia local, que deveria ser a mais importante de um informativo comunitário, foi tema de discussão na academia. 

A baixa qualidade do programa foi tema de investigação científica na UESC; esta é a capa do trabalho (Foto: reprodução)
Um trabalho científico produzido em 2012 na UESC (Universidade Estadual de Santa Cruz) para as disciplinas: Teoria e Método de Pesquisa em Comunicação e Comunicação e Realidade Regional, ministradas pelas professoras Valéria Amim e Verbena Córdula, doutora pela Universidad Complutense de Madrid, analisou o programa. Os detalhes da investigação acadêmica sobre a falta de qualidade do programa da FM de Coaraci serão detalhados mais abaixo, neste artigo.

Foto de 2015 (Imagens Internet)
Lembrando que, segundo informações, Joabis se manteve no ar esse tempo todo não pelo “talento” ou boa vontade que ele até tem, mas porque na verdade, ao contrário do que muitos pensam, ele pagava à rádio. Ou seja, na verdade o apresentador não era funcionário da emissora. Ele locava o horário e fazia o que queria. Financeiramente era interessante para a cúpula da rádio. Mas agora a nova direção da Associação mantenedora da emissora decidiu dar um basta na longa carreira de Joabis. Os ouvintes agradecem! 

JORNAL FALADO OU FALATÓRIO DE JORNAL? 

Essa foi a chamada da defesa do trabalho “A NÃO VALORIZAÇÃO DO LOCAL NO RADIOJORNALISMO DE UMA EMISSORA COMUNITÁRIA”, assinado pelo jornalista Genisson Santos, então concluinte do curso de Comunicação Social, Rádio e TV, da UESC.

O trabalho, que está publicado e pode ser lido na íntegra, foi avaliado com conceito máximo (nota 10). 

Para realizar a pesquisa fizemos o sacrifício (doloroso) de acompanhar o programa por duas semanas em dezembro de 2011.  

A primeira e segunda parte falam sobre os conceitos ideiais de programa de rádio comunitária, de radiojornalismo etc. A partir do ponto 4, analisa-se mais diretamente a obra "Joabesca".

Uma das críticas é o abismo que ele criava entre o ouvinte e o programa. Ouvinte que era obrigado a ouvir manchetes "sofríveis", como: "O que é a hora certa"; "Circo da Mônica tem estreia hoje" (aqui, um bom jabá!). Uma coisa horrorosa, acompanhada de seus comentários vazios e inúteis.

TERRA DO SOL FM: VELHA, ARCAICA, APÁTICA E IRRELEVANTE 

Aliás, não é só o agora extinto "Terra do Sol Notícias" que não tem qualidade. A rádio como um todo é um porre. A falta de concorrência fez seus dirigentes se acomodarem e deixar a emissora, que já foi motivo de orgulho para a comunidade por ser a primeira legalizada da cidade, cair em ruínas e chegar a isso que está no ar atualmente. Um vexame! 

Ao completar 15 anos no ar, agora em 12 de março de 2019, não há o que comemorar. A impressão que tenho é que a rádio já tem 120 anos, o que justificaria a fase de decadência atual. A própria marca da rádio é simplista, para não dizer amadora. A mesma há anos... velha, esteticamente feia. Um amontoado de letras, sem nenhuma plasticidade.

Falando do ponto de vista da qualidade, a FM, que é Comunitária, no ar é velha, arcaica, apática e irrelevante socialmente. Falta-lhe jovialidade, energia, "um sorriso no som".  

Atualmente apenas 3 programas próprios são mantidos no ar (fora os demais que são produções independentes ou horários comprados, e as repetições aos finais de semana, que só mudam de nome). Se for colocar chocalho, programa mesmo (observando a questão do formato radiofônico) só há dois: um madrugador, de músicas sertanejas e outro de músicas aleatórias (que se divide em manhã, tarde e aos finais de semana - quando há). “A rádio está morta”, é o que se ouve entre os amantes da radiodifusão. 

Grade programação Almada fase 1
(Acervo pessoal/Pablo Nascimento)
Que saudades das emissoras antigas da cidade! Que saudades da pioneira, a Almada FM, que muitos da geração "nutella" nunca nem ouviram falar. Saudades da época que se brigava por audiência, com muitos programas maravilhosos e comunicadores empenhados. Talvez nem os mais saudosistas se lembrem do “Ah!, Luis, oh! Luis…” (era um programa apresentado pelo Luis Eduardo, se não me falha a memória, na extinta "Transa Sul FM", do Edifício Pára Raio, onde as mulheres apaixonadas mandavam suas cartas de amor e o locutor as lia carregando no tom dramático… e era maravilhoso!). Saudades do inesquecível “Bate Bola”, de Renatinho Cerqueira, de Gilmar Melo e seus bordões: "19 e 05 minutos, dezenove e cinco, tá na hora do esporte!". Que saudades! Até eu que odiava futebol, não perdia um só programa. Porque era bom! Que saudades do "Geração Sertaneja", com Wando Maradona. Que saudade do "Arrebentando no Forró", com compadre Cuca...  

Saudades do sensacional Mamigo, de seus socos na mesa e seus gritos defendendo o povo à frente do "Jornal do Meio Dia", líder absoluto no horário. E quando tocava aquela musiquinha da família? Meu Deus, todo mundo parava porque “Mamigo vai comecar”... Quando tinham algum problema na rua, no hospital, falta de remédio etc: “Amanhã Mamigo vai saber”, diziam as pessoas. #VoltaAlmadaFM 

Grade Almada fase 2
(Acervo pessoal/Pablo Nascimento)
Que saudades da guerra de audiência que foi quando o audacioso Gilmar Aleluia, então diretor da "Transa Sul", resolveu colocar no ar para disputar com Mamigo, as Pegadinhas do Mução. Que maravilhoso era eu e meu pai nos dividindo em ouvir o jornal ou o humor… e o espetacular "Show de Calouros", de Gilmar Aleluia? Como esquecer também seu "Arraiá do Galinho"? Maravilhoso!!!   

Dou mais destaque a Almada porque ela foi a nossa "TV Tupi" do rádio coaraciense. A fundadora, que saiu no auge e provou que é possível fazer uma emissora de qualidade.

Em uma época muito mais difícil, onde ainda se operava rádio com CD's, quando o ouvinte ligava para o estúdio e pedia a música o operador tinha que procurar naquela montanha de discos, que as pessoas ainda ligavam de orelhão, a Almada FM 97,1 / 107,1 que depois mudou o nome para Cidade FM 106,7 fez história com uma programação que em nada ficava devendo à grandes como Gabriela FM ou Tropical.

Grade Cidade FM (Acervo/Pablo Nascimento) 
A emissora chegou a ter mais de 30 programas diferentes, 14 que iam ao ar diariamente e outros aos finais de semana (sábados e domingos). Programação completa e de qualidade, como mostra essas relíquias (fotos ao lado da programação Almada) guardadas à sete chaves pelo competente Pablo Nascimento, ex-todo poderoso da Almada e Cidade FM, e um dos fundadores da radiodifusão coaraciense.

Programas como o sensacional "Muvuca", "Linha Interrogativa", "Momento do Ouvinte", "Almada Pagode e Cia"... Sem falar na personagem divertidíssima e misteriosa, Fofa Roskoff, que aparecia para abrilhantar os momentos de festa da emissora.

Em festas juninas, apresentava o "Forró Folia"; final de ano era o "Réveillon Fashion"; também comandava "Aniversário Fashion" (no aniversário da rádio) e também fazia as resenhas dos show's da cidade. E ainda provocava sua arquirrival, "Sabrina" (personagem da Transa Sul, feita por Gilmar Aleluia): "Eu estou aqui, Sabrina. E tu, por onde anda, sua bicha robótica?".

Bons tempos da era de ouro do rádio coaraciense. Nesta época, lá pelo começo dos anos 2000, quando muita gente que ouve rádio atualmente nem era nascida, tínhamos opção! Hoje o que se tem no ar nem opção é! Triste fim da comunicação em Coaraci. 

A esperança é que a nova direção da rádio comunitária de Coaraci acorde e tome as críticas como construtivas e despertem para fazer uma programação de qualidade. Caso contrário, essa velha raquítica e esclerosada continuará agonizando no ar, ou quem sabe, fora do ar.  

PS.: Informações de que estreia este mês o "Radar Comunitário", que pretende ser um programa melhor. Esperamos que não seja apenas um "Terra do Sol Notícias" requentado, de ontem. 

Confira na íntegra, o trabalho científico que analisou o extinto "Terra do Sol Notícias".
 

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