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Por que a minha aparência te incomoda tanto?

Modelo Luíse Beatriz fala sobre sua experiência com o viti (Foto: José Oliveira)

LUÍSE BEATRIZ, DE SP - Estamos no século XXI, mais precisamente no ano de 2020. Ainda não temos carros voadores e nem mesmo robôs domésticos para os serviços da casa, porém avançamos em estudos, nas descobertas científicas e usamos muito a tecnologia. Mas, mesmo com tudo isso acontecendo neste momento, os ares da modernidade ainda dividem espaço com algo tão antiquado, que já deveria ter sido extinto há muito tempo: o preconceito. 

Eu tenho vitiligo, uma doença autoimune. Meu corpo, por uma questão ainda desconhecida, se autoataca e destrói células importantes de melanina, provocando o aparecimento de manchas brancas na minha pele. Vitiligo não arde, não dói, não coça e, principalmente, não é contagioso. Mesmo que isso seja amplamente divulgado há quem encontre tempo para usar o fato de termos um corpo manchado como forma de tentar nos ofender. 

Mas por que eu me ofenderia? Por que odiaria o meu corpo, a minha aparência e quem eu me tornei justamente por causa das minhas manchas? De fato ter vitiligo não é fácil, pois a realidade de se ter uma doença que modifica a sua aparência é muito dura, principalmente quando se chega ainda na infância, como no meu caso.

Quem tem vitiligo vê o seu corpo se tornar um “domínio público” onde todos querem tocar, indicar remédios, dar opiniões... No meu processo de convivência com a minha condição, pouquíssimos foram aqueles que me olhavam para além das manchas e queriam saber como eu reagia diante de uma vida cheia de pomadas, chás e comprimidos. Por muito tempo achei que havia algo de errado comigo e tentei me esconder ao máximo para me proteger do preconceito. 

Hoje não escondo o vitiligo, muito menos me escondo da vida. Essa escolha de ser eu mesma foi a mais acertada, mas infelizmente ainda ouço e leio  comentários que tentam me diminuir, e fazer com que eu sinta vergonha da minha aparência e de quem eu sou. Percebo que o que incomoda, na verdade, não são exatamente as minhas manchas que não atendem ao “corpo padrão”, mas sim o fato de eu gostar de mim assim. Incomoda o fato de eu amar a minha pele e ter me tornado uma pessoa mais resiliente por ser diferente. 

Nós não pedimos para que achem a nossa aparência bonita ou feia, mas que nos respeitem como somos. Nossa pele conta a nossa história e não vamos anular isso. O vitiligo me trouxe experiências incríveis, pessoas maravilhosas e um olhar sobre mim e sobre as outras pessoas com mais empatia. Se aproxime, toque sem medo... Afinal, contagioso em nós só o amor!

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